Esse conjunto paisagístico acompanha o curso do rio ao longo do bairro São Lourenço e destaca-se pela presença do Parque São Lourenço e sua vizinhança, onde vemos o Rio Belém com seu traçado natural, a céu aberto, iniciando no parque e indo até a altura da Rua Lívio Moreira, sempre acompanhado da ciclovia.
O Parque São Lourenço é um dos primeiros parques urbanos da cidade, inaugurado em 1972. Integra a Área de Preservação Permanente do Rio Belém e abriga um bosque nativo, com remanescentes de floresta de Araucárias, e um grande lago. Além de sua função recreativa, ainda pouco explorada, o lago do São Lourenço contribui para a contenção de enchentes.
Lago do Rio Belém no Parque São Lourenço, com presença da antiga chaminé ao fundo
Lago do Rio Belém no Parque São Lourenço, com ilha central e pista para caminhada nas margens
As enchentes não são comuns nesta região e ocorrem somente quando há um
excesso de chuvas, como as ocorridas no verão de 2011. A represa do
parque São Lourenço ajuda no amortecimento do fluxo e volume das águas,
evitando as enchentes em períodos normais de chuvas. Devido à
conservação das áreas como a mata do parque e algumas porções próximas
que ainda preservam alguns bosques é possível encontrar diversos grupos
de animais, sobretudo de aves. Além de atrair diversos turistas pela sua
beleza cênica, o parque atrai a população curitibana com uma
infraestrutura para recreação e atividades físicas, tais como ciclovia,
pista de rolimã, pista de caminhada, parquinho infantil e
churrasqueiras.
Lago do Rio Belém no Parque São Lourenço, com pista de caminhada e equipamentos esportivos nas margens
Por muito tempo o lago do São Lourenço foi utilizado por indústrias que
se instalaram em suas margens. Eram indústrias voltadas ao processamento
de subprodutos da carne, uma vez que tínhamos do outro lado da rua um
grande frigorífico. O posicionamento do frigorífico estava relacionado à
proximidade do rio, aquele se utilizava do rio para o fornecimento de
água e despejo de efluentes. As indústrias ao redor do lago eram
compostas por um curtume, uma fábrica de cola e uma fábrica de
fertilizantes agrícolas, todas essas produções oriundas de restos
animais do frigorífico. Algumas instalações dessas indústrias ainda
existem e compõem hoje o Centro de Criatividade de Curitiba, integrando o
Parque São Lourenço.
Centro de Criatividade de Curitiba, no Parque
São Lourenço, com Teatro Cleon Jacques em primeiro plano
Atelier de escultura do Centro de Criatividade de
Curitiba, com destaque para a antiga chaminé de tijolos de fábrica desativada
A ciclovia margeia o lago do Parque São Lourenço e pela Rua Mateus Leme
acompanha o traçado do rio até ficar lado a lado com ele na altura do
Jardinete Siegfried Rigler. Essa região ainda mantém alguns lotes de
grandes dimensões desocupados, com a mata ciliar do rio relativamente
preservada. Nesse local aparece também um elemento paisagístico marcante
na paisagem, uma ponte de madeira por onde a ciclovia cruza o rio
Belém, além de uma concentração de árvores de grande porte, formando um
pequeno bosque.
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Ponte da
ciclovia na região da foz dos córregos Primavera e dos Imigrantes
O jardinete Siegfried Rigler, inaugurado em 1992, fica na margem do rio
Belém e é intensamente frequentado por moradores da região,
especialmente crianças e jovens. Possui um parquinho infantil com chão
de areia e uma pista de skate feita de concreto.
Pista de skate no Jardinete Siegfried Rigler, com
presença da mata ciliar do Rio Belém na esquerda
Rio Belém com seu leito natural, com presença de mata
ciliar nas margens
Próximo a essa área, há uma várzea de alagamento, onde hoje funciona uma
associação esportiva que aluga quadras de futebol, a Asbac Futebol
Society, e já abrigou o estádio de futebol do antigo Clube Atlético
Primavera, construído possivelmente na década de 40, cujo nome faz
referência ao córrego que ali deságua.
Na área do jardinete acontece também o deságue de dois córregos: o
Córrego Primavera, que deságua na margem direita do Belém, e o Córrego
dos Imigrantes, que chegam pela margem esquerda, ambos desaguando na
mesma altura.
Trecho final do Córrego Primavera, com suas margens
sem mata ciliar
Rio Belém com seu leito natural, com presença de mata
ciliar nas margens, na região da foz dos córregos Primavera e dos Imigrantes
Nesse conjunto, identificamos uma das principais interações positivas da
população com o Rio Belém na atualidade: o lazer da pesca. Mesmo
apresentando uma qualidade da água bastante comprometida, é comum
encontrar grupos de amigos, famílias e até trabalhadores da região que
antes de ir para casa jogam o anzol na água por diversão. Ainda são
vistos pequenos peixes em suas águas turvas, que incentivam os
pescadores a ficar nas margens, desbarrancadas pela erosão, tentando a
sorte da linha.
Família pescando no Rio Belém, a região da foz dos
córregos Primavera e dos Imigrantes é bastante procurada para o lazer familiar,
especialmente para a pescaria
Homem pescando no Rio Belém, na região da foz dos
córregos Primavera e dos Imigrantes
Fotos:
Gabriel Gallarza
Gabriel Gallarza
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