Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. (...)
Fernando Pessoa
Quando a Vila de Nossa
Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais passa a ser reconhecida como cidade de
Curitiba, em meados do século XIX, as águas do Belém serviam a uma população de
cerca de cinco mil pessoas, que crescia rapidamente acompanhando a urbanização
da cidade. Este rio viu se desenvolver em suas margens uma metrópole que chega ao
início do século XXI com quase dois milhões de habitantes.
O Rio Belém faz parte do
patrimônio cultural curitibano, sendo testemunha de toda a história do
desenvolvimento urbano da cidade. A intenção de retratar a paisagem deste rio,
composta não somente pelo ambiente natural, mas também pelo ambiente construído
e pelos modos de produção e vida na cidade, é contribuir com a criação de um
sentido de identidade e pertencimento da população curitibana com este rio
urbano, considerando que o vínculo entre o rio e a população pode estimular as
ações de preservação, o resgate de usos tradicionais, a revitalização e o
desenvolvimento sustentável da cidade.
O percurso do Rio Belém
encontra-se inteiramente dentro do perímetro urbano de Curitiba, desde sua
nascente no bairro Cachoeira até sua foz entre os bairros Boqueirão e Uberaba
quando deságua no grande Rio Iguaçu. Em seu trajeto, o Belém é alimentado por outros
rios e pequenos córregos que deságuam em seu leito.
Os rios podem ser usados
pelas cidades para diversos fins: viver e produzir, uso doméstico, industrial,
agrícola, navegação, energia, pesca e lazer. Mas vale lembrar do fatídico fim
de esgotamento sanitário em que foi reduzida boa parte das águas urbanas.
Percebendo o uso atual que
se faz dos rios, podemos adotar uma interação mais harmônica com as águas da
cidade. Os rios são indicativos da qualidade urbana, tanto por sua importância
ambiental quanto pelo caráter de identificação cultural que promove. O
reconhecimento e a valorização de suas águas como patrimônio cultural são
etapas do desenvolvimento sustentável de uma cidade.
Neste fluxo contínuo de
interação cidade-rio-sociedade, buscamos com essa pesquisa apresentar um
retrato dessa paisagem que se desenrola pela trajetória do Rio Belém através de
pesquisa transdisciplinar nas áreas de Arquitetura, Urbanismo, História, Geografia,
Biologia e Jornalismo.
Rio Belém ora com margens preservadas, ora canalizado sem mata ciliar e com pássaro azul
Fotos: Maria Baptista - Acervo: Casa da Memória/FCC
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