Centro Cívico

Este conjunto paisagístico compreende o trecho canalizado do rio Belém entre as ruas Lívio Moreira, no bairro São Lourenço, e a Avenida Cândido de Abreu, no Centro Cívico. Com uma urbanização densa, vemos nesse conjunto o rio com pouca ou nenhuma mata ciliar. Em seu lugar temos um extenso gramado, com árvores esparsas, acompanhado sempre pela ciclovia. 

Rio Belém canalizado à céu aberto, com presença de ciclovia na Praça Erailto Thiele   

Ponte de pedestres

Alguns moradores nos contam que antigamente o rio era um córrego pequeno que serpenteava e encharcava suas margens, transformando esta área no banhado que se estenderia por um bom trecho, que hoje se encontra densamente edificado. Buscando evitar o banhado em áreas extensas o rio foi inicialmente retificado e, em seguida, foram realizadas as obras de canalização a céu aberto para prevenção de alagamentos e erosão das margens. As águas já eram poluídas, devido à presença do curtume e frigorífico da região do São Lourenço, impossibilitando o uso de suas águas para quaisquer tipos de atividades. 
 No bairro São Lourenço, o rio canalizado passa por lotes particulares, sem nenhuma mata ciliar, até chegar na Praça Erailto Thiele (1991) e no Jardinete Ervin Ofner (2007). A partir deste ponto, inicia-se a Rua Euclides Bandeira, que acompanha todo o trecho do rio canalizado até o ponto em que fica submerso. Saindo do bairro São Lourenço, o rio cruza ainda um pequeno trecho do bairro Ahú, passando pelo Jardinete Ellen White (1999). Nesses trechos, aparece nas margens do Belém uma série de casas voltadas para ele, as quais formam um conjunto arquitetônico, de certa maneira uniforme, e que caracteriza a paisagem. São casas variadas, desde casas antigas de madeira até algumas de alto padrão, mas que tem em comum a orientação voltada para o rio. Outra característica marcante na paisagem são as floreiras de concreto suspensas sobre o rio, possuindo função ornamental e servindo como escoras, a fim de auxiliar na estruturação das paredes do canal de concreto por onde passa o rio.

Ponte da rua José Sabóia Cortes, com presença de floreiras de concreto sobre o Rio Belém

Floreiras de concreto, no bairro Centro Cívico

 Já no bairro Centro Cívico encontramos na margem esquerda do Rio Belém o Bosque João Paulo II (1980), conhecido como Bosque do Papa. Esse bosque surge como homenagem à imigração polonesa que marcou a região e contém uma série de casas de troncos de madeira, típicas dessa cultura, bem como o Memorial Polonês. Possui ainda bosque nativo significativo para a conservação da fauna e flora locais. No entanto, há ausência de mata ciliar nesta região, o que reduz a observação de animais ao longo do rio, pois estes acabam buscando abrigo nas concentrações de áreas verdes, como a do bosque. Além da área verde nativa o bosque recebeu ainda acréscimo de várias Araucárias plantadas durante sua criação. 


Rio Belém canalizado à céu aberto passando pelo Bosque do Papa

Nas proximidades do Bosque do Papa encontramos a Praça Des. Francisco C. Pereira (2003) com diversos equipamentos de esporte e lazer, tais como: canchas de futebol de areia e bocha, parquinho infantil e academia ao ar livre. Logo a frente temos o Jardinete João R. Teixeira Junior (1996) e o Bosque de Sofia, um jardinete inaugurado informalmente em 2010 por ativistas ambientais curitibanos ligados aos movimentos da Jardinagem Libertária e Bicicletada, e reconhecido oficialmente pela prefeitura em 2012. O Bosque de Sofia fica ao lado do Bicicletário Livre do Centro Cívico. 

Ciclovia nas margens do Rio Belém, em frente à Praça Dês. Francisco C. Pereira

Bosque de Sofia com presença do Rio Belém canalizado à céu aberto, destaque para o Palácio das Araucárias na esquerda 

Encontramos ainda nessa região a Praça Nossa Senhora de Salete (1960), a qual foi tombada pelo Patrimônio Estadual em 2011 juntamente com outros elementos do Centro Cívico. Em torno dela, fazendo frente para o rio Belém, encontramos algumas edificações públicas que se destacam na paisagem por sua arquitetura modernista, como o Tribunal de Contas do Paraná (1967) e o Palácio das Araucárias, cuja construção iniciou em 1953 e ficou abandonado por mais de 50 anos, para ser finalmente inaugurado em 2007.

Gramado do Bosque do Papa, destaque para o Tribunal de Contas do Paraná ao fundo

Jardinete João R. Teixeira Junior, destaque para o Palácio das Araucárias ao fundo


Embora o rio ainda não tenha percorrido nem metade de sua extensão total, ele já apresenta sinais de degradação com águas turvas e mal cheirosas. Ao se aproximar da região central da cidade, o Rio Belém passa por um trecho bastante arborizado, acompanhado somente da ciclovia. Apesar de ser um ambiente agradável pela presença da vegetação ciliar e pela ausência de automóveis, há na margem direita algumas edificações na beira do rio, sem nenhum recuo. Ao fim desse trajeto encontramos uma ponte para pedestres, na Av. Cândido de Abreu. A partir daqui a cidade dá as costas para rio e ele inicia seu pior percurso: o de canalização submersa, ao longo de toda a região central. 

Rio Belém canalizado à céu aberto indo em direção ao centro, com crescente presença de edifícios

Rio Belém canalizado à céu aberto com presença de vegetação de grande porte nas margens


Ponte de pedestres e bicicletas logo antes do rio submergir sob a Avenida Cândido de Abreu, detalhe para o lambrequim da cobertura e guarda-corpo em troncos de madeira

Fotos: 
Gabriel Gallarza

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